Drone reset

Bia Caboz – Quero É Rir



O filme QUERO É RIR é a concretização de uma obra provocativa e reflexiva, rodado na Ilha da Madeira, apresenta a odisseia de uma mulher que vivia presa e manipulada numa camisa de forças.

No primeiro ato do filme, vemo-la apática perante a realidade e a sua rotina de prisioneira subjugada. Até que, numa crescente de sentimentos, ela finalmente se enxerga e, ao perceber a fragilidade do cárcere, decide fugir.

O filme foi concebido e realizado de forma surrealista e simbólica. A prisão é uma praia de calhau, onde o mar e a sua imensidão estão sempre diante dela; a comida, servida numa elegante bandeja de prata, é branca, simbolizando a falta de sabor; e a grade que a prende tem apenas um metro de largura. Porque permanece ela presa, mesmo estando frente ao mar? Estaria ela, de facto, louca? Porque se permite encarcerar e manipular? Quem a está realmente a prender?

O primeiro ponto de viragem do filme acontece quando, num crescendo de angústia, ela decide romper a prisão e fugir. O simples ato de decidir fugir faz com que a grade caia no chão, como se o deslocamento do ar, ou a sua força de vontade, fossem suficientes para a derrubá-la.

Na fuga, ela corre incessantemente… atravessa lagos, escala montanhas, percorre penhascos, desvia-se de abismos… No início, corre com medo de ser capturada, apreensiva. Até que, num determinado momento, percebe que já correu o suficiente e que, se não a apanharam até ali, já não a irão apanhar. Ela retoma a corrida, mas agora pela pressa de viver.

Durante a fuga, a protagonista encontra uma mulher experiente que lhe aponta o caminho — uma personagem que representa a sabedoria feminina transmitida entre gerações. Foi a realizadora Amandha Monteiro quem decidiu que essa figura deveria ser interpretada pela própria mãe de Bia Caboz. Essa escolha trouxe uma camada emocional ainda mais forte à cena, reforçando simbolicamente a ideia de que, muitas vezes, é naqueles que nos são mais próximos que encontramos a orientação para seguir em frente.

Três crianças aparecem num momento crucial, simbolizando o futuro, a esperança e a pureza do recomeço.

O percurso leva-a a um renascimento no fundo do mar. Esta cena é uma analogia simbólica a um tratamento médico praticado no século IX em pessoas consideradas loucas, onde os pacientes eram afogados até à morte e depois ressuscitados — os médicos acreditavam que esse “reset” cerebral poderia curar a loucura. Esta cena remete também simbolicamente ao útero materno, onde “respiramos água” antes de nascer. Nela, vemos a personagem a respirar debaixo de água, com o ar a entrar-lhe pelas narinas.

Após este renascimento simbólico, entramos no terceiro ato do filme, onde vemos a protagonista sozinha em alto-mar, a navegar o seu próprio barco. As simbologias são claras: o barco é a própria vida e o facto de estar sozinha a conduzi-lo simboliza que ela se tornou um ser humano autárquico.

No barco, estão apenas ela e uma Protea — a flor mais antiga do mundo, anterior à própria humanidade, vinda da era dos dinossauros. Mais um detalhe simbólico: a flor, frequentemente associada ao feminino, surge aqui como a mais forte e resistente de todas, simbolizando feminilidade, força e ancestralidade. Uma prova dada pela natureza de que o feminino, o belo e a força podem coexistir num mesmo ser vivo.

No desfecho do filme, vemos a protagonista a navegar estoicamente o seu barco, até que sente a presença e a mão do algoz que a prendeu na camisa de forças a tocar-lhe o ombro. Ela reconhece essa mão e, ao virar-se para finalmente perceber quem a subjugava, depara-se com ela própria.

Ao compreender que fora prisioneira de si mesma, ela volta a navegar — autárquica, livre, feliz e só.

MÚSICA

Letra: Bia Caboz
Música: Bia Caboz
Produção: Bia Caboz e Zoo
Voz: Bia Caboz
Viola: Bia Caboz
Guitarra portuguesa: José Geadas
Masterização: Vinicius Lessa
Gravado: Bia Caboz

VÍDEO

Realização: AMANDHA MONTEIRO
Diretor de Fotografia: JAMES WILLIAMS @jw_cinematografer
Guião: AMANDHA MONTEIRO @amandhamonteiro_
1 AD: RAFAEL FLORES @rafadqflores
Direção de Arte: AMANDHA MONTEIRO
2 AD: LEONOR CARREIRA
Drone: RAFAEL FLORES
Produção: SARA REIS – FUTRE VERÍSSIMO
Figurino barco: Crochetado pelas mãos de GRAÇA CABOZ, montado por ANDRÉ PEREIRA @andrepereirawalli
Still: MARIANA PITA @marianapitaphotos –
BRUNO SANTOS @bsantos.photo
Foto de capa: BRUNO SANTOS @bsantos.photo
Montagem: ANDRÉ MONTEIRO @andremonteirobmx
Color Grading: JOÃO PAULO RODRIGUES @jp.rgb
Composição VFX: RICARDO DA SILVA @rik.vfx
Sound Designer: BIA CABOZ
Participação especial – GRAÇA CARREIRA
Carro do colecionador – ANTÔNIO MARTINS
Barco Raquelita – ERNESTO BARBOSA
Barco de apoio – BRITO FERREIRA – JOÃO MOREIRA
Apoio logístico – CLUBE NÁUTICO DE ALMADA
Agradecimentos – ABROTEA – ANGELA CARINA – JOANA ABREU – ADRIANA CAMACHO –
TABUU – OFUSA – MÁRIO PEREIRA – ROSA

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